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Psiquiatra Nise da Silveira: minha maior emoção foi ver um esquizofrênico que não se relacionava com pessoa alguma, abraçado a um cão



"Entre 1946-1974, dirigi a seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II. Optei por utilizar como método a Terapia Ocupacional, considerado de importância menor e até mesmo subalterno. Contudo, minha intenção era reformá-lo completamente (...)

(...) Para nós faltava-lhe algo, faltava-lhe emoção. Foi quando, certo dia, um rapaz freqüentador da Terapia Ocupacional, em vez de entrar numa das salas de trabalhos masculinos, preferiu a de atividades femininas, atraído pelas qualidades latentes que pressentia existir num pedaço de veludo estendido sobre a mesa da sala. Dirigiu-se à monitora Maria Abdo e perguntou: 'Posso com este pano fazer um gato?'

(...) Completado o gato, Luis Carlos tomou um lápis e escreveu:

Gato simplesmente
angorá do mato
Azul olhos nariz cinza
Gato marrom
Orelha castanho macho
Agora rapidez
Emoção de lidar

Enquanto manipulava seu gato de veludo, com surpreendente habilidade, Luis Carlos parecia feliz e disse: 'Como é macio! Sinto grande emoção de lidar com ele entre minhas mãos'. Essa expressão ‘Emoção de Lidar’ foi ponto de partida para substituirmos o pesado título Terapêutica Ocupacional".



Eis um trecho da obra “Gatos, a emoção de lidar”, de Nise da Silveira (1906/ 1999), psiquiatra e pioneira na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, marxista, militante da ANL-Aliança Nacional Libertadora e uma das personagens de Graciliano Ramos, em “Memórias do Cárcere”.

Inconformada com os métodos violentos de tratamento psiquiátricos como o eletrochoque, o coma insulínico, a lobotomia, a psiquiatra encontrou na Terapia Ocupacional uma forma de tratamento aos usuários de saúde mental.

Em maio de 1946, fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional, no antigo Centro Psiquiátrico Nacional do Rio de Janeiro, atual Instituto Municipal Nise da Silveira. A produção dos ateliês de pintura e de modelagem foi tão abundante e revelou-se de tão grande interesse científico e utilidade no tratamento que deu origem, em 1952, ao Museu de Imagens do Inconsciente.



Ao perceber ainda que a responsabilidade de cuidar de um animal e o desenvolvimento de laços afetivos poderiam contribuir na reabilitação de doentes mentais, Nise os incorporou a seu trabalho como co-terapeutas.
Para quem nunca ouviu falar desta Mulher Brasileira, leia trechos de sua entrevista:

Por que sua admiração pelos gatos?
Nise da Silveira – Cultivo muito a independência, por isso, gosto de gato, ao contrário de muita gente que não gosta da liberdade que ele precisa para viver. No circo você vê tigre e urso, mas não vê um gato. O gato é altivo, e o ser humano não gosta de quem é altivo.

E como é a sua relação com eles?
Nise – Eu gosto muito de todos os animais. Admiro muito o cão, mas me sinto humilhada diante dele. Respeito-o pela sua qualidade que eu acho belicismo e da qual me sinto distante: a infinita capacidade de perdoar. Dê um passo que se dê, ele é fiel. Nunca se ouviu contar que um cão fizesse um "treta" com seu dono, ou que fosse infiel, que traísse sobre qualquer forma o seu tutor. Com relação aos gatos, de tanto vê-los na rua desamparados, eu ia apanhando e trazendo para casa, cheguei a ter 23. O gato não tem essa capacidade de perdoar, como eu também não tenho. Eles são muito especiais. No hospital, int roduzi os animais como ajuda aos doentes, como co-terapeutas. Freud trabalhava com um cão no consultório; Jung trabalhava com um cão no consultório; Marie Lenize Von Franz, com quem eu fiz análise, trabalhava com um cão no consultório.

A senhora foi pioneira no uso de animais no tratamento de doentes mentais, hoje muito mais usado na Europa que no Brasil. A psiquiatria avançou bastante aqui?
Nise – A introdução de animais como co-terapeutas foi o que em minha vida mais me fez sofrer. Fui ridicularizada, de modo que me liguei muito a outros países onde a psiquiatria era mais desenvolvida. Há várias correntes de tratamento, muitas eu nem conheço, mas não houve um grande avanço. Ainda se confia muito no remédio, e a mim não parece muito eficiente. Pode ter efeito paliativo, mas não curativo. Confio mais no afeto e na ação curativa da alegria.

Uma lembrança...
Nise – São tantas, talvez a minha mãe sentada ao piano lá de casa, esperando que chegasse o sabiá, um pássaro curioso, boêmio. Não vai para o ninho cedo e canta de noite. Minha mãe com as mãos no piano esperando que o sabiá chegasse para aprender a melodia do seu canto.

Uma emoção...
Nise – Ver um esquizofrênico que não se relacionava com pessoa alguma, abraçado a um cão, mostrando que a afetividade está viva no esquizofrênico, enquanto os livros dizem que a afetividade está embotada. Uma destas fotografias está em meu livro o "Mundo das Imagens".

Um medo...
Nise – Não saber morrer como um gato, embora a morte propriamente não me faça medo. É não saber como morrer como os gastos sabem. É isso que peço que eles me ensinem. Um gato, quando não quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não parece que esteja com emoção de raiva como eu fico às vezes, desprezo, sutileza completa. Eles são grandes mestres.

 

Pensando Nise

"As coisas não são ultrapassadas tão facilmente; são transformadas".

"Os gatos são excelentes companheiros de estudos: amam o silêncio e cultivam a concentração".



"A palavra que mais gosto é liberdade. Gosto do som dela".

"Eu poderia ter feito um livro que acentuasse mais as maldades que as pessoas fazem com os animais, mas a tristeza não acrescenta muito".



FONTE:SEDA-Prefeitura de Porto Alegre

Antes de adquirir um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 10 a 15 anos, pergunte à família se todos estão de acordo, se há condições necessárias para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em períodos de ausência.

Animais que vivem em pequenos espaços ou presos em correntes podem sofrer distúrbios de comportamento, obesidade e depressão. Veja se você terá tempo de passear, brincar, educar e dar carinho ao seu animal. Os animais sentem solidão.

Para passear, utilize sempre coleira e guia ( leis municipais).Animais precisam de uma casinha ou caminha que deve ser confortável, limpa, abrigada da chuva e do sol.Oferecer a seu animal rações de boa qualidade e água limpa e fresca para evitar problemas de saúde.



Você terá gastos com a saúde do seu animal, terá que vacinar contra raiva e demais doenças virais (v8), vermifugar a cada 6 meses , passar remédios contra pulga e carrapatos além de fazer visitas periódicas ao veterinário.

Sempre ter cuidado com a higiene do animal: dar banhos, fazer tosas, escovação, etc.

Em Breve!

Você poderá nos mandar uma foto e a história do animalzinho para e-mail: e.viralatas@gmail.com

que divulgaremos nesta pagina.

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